A família de Tereza de Jesus Aparecida do Prado, de 69 anos, que faleceu na Santa Casa Municipal de Itu, na última quarta-feira (29), alega que houve negligência no atendimento médico da idosa. A mulher deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Padre Bento, na manhã de quarta-feira (29), se queixando de fortes dores, acompanhada de sua filha, Elisângela Jesus Barbosa da Silva, de 45 anos.
Elisângela explicou que a mãe estava com a pressão muito alta e uma médica pediu para uma auxiliar de enfermagem dar duas doses de captopril intravenoso e que, minutos depois, Tereza começou a ter convulsões e mesmo a filha pedindo, nenhum médico foi examiná-la.
Na manhã do mesmo dia, por volta das 07h, Elisângela diz que um médico viria conversar com ela para falar sobre o estado de saúde de sua mãe. Às 10h30 nenhum justificativa lhe foi dada. A princípio, os médicos estavam desconfiados que se tratava de uma pancreatite, visto que dona Tereza havia vomitado um líquido escuro. Era apenas uma suspeita: nada confirmado. A paciente aguardava uma ambulância para fazer uma tomografia, contudo, foram mais de cinco horas de espera.
Elisângela questionou a unidade de saúde mais de três vezes se a ambulância iria chegar logo, pois sua mãe estava com fortes dores, mas lhe disseram que era normal a demora. Demora essa que agravou o estado de saúde da idosa. Após um bom tempo, Tereza foi levada para a Santa Casa e o diagnóstico saiu: foi constatado que ela estava com uma grave infecção, uma sepse. Ou seja, uma infecção generalizada que os médicos da UPA não sabiam que vírus era aquele que circulava na corrente sanguínea da paciente. Foi dito a Elisângela que sua mãe estava sob efeito de antibióticos, seu quadro de saúde era estável e que logo ela seria transferida para um hospital. Elisângela foi para casa conforme lhe recomendaram. “Se sair a transferência para um hospital a gente te liga ou vou com ela na ambulância”, garantiu uma auxiliar de enfermagem. Como ninguém ligou para falar sobre a transferência de dona Tereza, a filha voltou às 20h para a visita: sua mãe ainda estava com muito dor. Dona Tereza lhe deu um beijo e se despediu: “Vai com Deus filha!”.
Após muitas horas, a filha entrou no quarto em que sua mãe estava e viu suas coisas embaladas em um saco plástico. Elisângela estranhou. Dona Tereza não estava mais no leito. Ela diz que gelou. Depois de muita insistência, um médico finalmente veio conversar com ela para informar que sua mãe havia falecido devido a duas paradas cardíaca. A filha diz que seu mundo desabou. Para Elisângela, a demora no atendimento e na transferência para um hospital com estrutura resultou no óbito daquela que para ela era “seu porto seguro!”. Ela pretende mover uma ação judicial para que isso não aconteça com mais ninguém. Tereza deixa filhos e seu esposo, um homem amputado que era totalmente dependente dela. “Estou sem chão. Não sei o que será de mim sem minha esposa. O que fizeram com ela foi negligência”, desabafa Pedro Luiz.
A Prefeitura de Itu foi questionada e informou que a paciente deu entrada na UPA às 6h09 e foi atendida pelo médico às 6h20 e que, em nenhum momento a paciente saiu da unidade devido à instabilidade e a gravidade de seu quadro, que impediu a realização do transporte. “Exames apontaram alterações significativas indicando infecção bacteriana e pancreatite aguda. Todos os procedimentos cabíveis foram tomados dentro dos protocolos diante do quadro clínico apresentado”, informou em nota.
Segundo a Prefeitura de Itu, por volta das 21h30, mesmo diante do esforço da equipe médica, a idosa sofreu parada cardiorrespiratória e veio a falecer às 22h. “A demora em procurar unidade de atendimento, pode ter favorecido a causa de seu óbito, visto que não houve tempo hábil para reverter a gravidade de seu quadro de saúde”, finalizou.