O Parque do Lago sempre foi um espaço no qual o saltense disfrutou de momentos de lazer e diversão ao ar livre. Uma opção em meio à natureza com mais de 200 mil metros quadrados, com pista de atletismo, ciclovia, parque de diversões e quadras poliesportivas.
Entretanto, nos últimos anos, o local acabou sendo preterido por seus usuários. Uma das justificativas é a falta de estrutura. A lanchonete não funciona mais; as pistas ao redor do lago carecem de manutenção; e o risco da presença de carrapatos em função dos animais que habitam a região.
Além disso, segundo a Prefeitura de Salto, o local não seria mais uma atração turística, pertencendo ao Meio Ambiente, para se tornar um santuário ambiental de aves, embora o Executivo não tenha informado qual a legislação específica sobre essa mudança. No site da Prefeitura de Salto, inclusive, o local ainda aparece dentro da aba destinada ao turismo.
Mas, o lago, que sempre foi a grande atração do local, hoje praticamente não é mais visto, coberto por uma vegetação aquática. Em diversas oportunidades a Prefeitura já informou que esses aguapés não poderiam ser retirados em sua totalidade alegando risco ambiental. Outro ponto citado é o alto custo. Essa operação de limpeza custaria cerca de R$ 2,5 milhões, conforme informações do próprio secretário da pasta, Flávio Garcia, em junho de 2023.
Essa vegetação se dá em razão da presença excessiva de nutrientes na água, como nitrogênio e fósforo, cenário propício para e crescimento excessivo dessas plantas ou fitoplâncton, transformando o ambiente em um “tapete verde”, conforme explicação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a Cetesb.
A limpeza do lago é uma discussão que nem mesmo os órgãos competentes falam a mesma língua. Conforme uma legislação de 2017, não é necessário solicitar outorgas junto ao Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) para realizar desassoreamento em represas e rios estaduais. Entretanto, a Cetesb dá uma outra versão, dizendo ser necessária obtenção de autorização do órgão ambiental. “Como o município de Salto está habilitado para o exercício das competências de licenciamento ambiental de médio impacto local, de acordo com a Deliberação Normativa 01/2024, do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), o órgão ambiental municipal está apto a emitir esta autorização”, informou a companhia por meio de nota.
O secretário de Meio Ambiente durante 2013 e 2016, João de Conti Neto, disse que nesse período a limpeza era feita manualmente e existia uma barreira física separando parte do lago sem a alface d’água, justamente para que a parte onde as aves faziam seus ninhos ficasse intacta. “Não se pode fazer a limpeza total, devido às características do local, que é habitado por aves migratórias que já se acostumaram com o local, por isso.
É válido lembrar que, em 2021, a Secretaria de Meio Ambiente, em parceira com uma empresa da cidade, fez o serviço de remoção dos aguapés, porém a ação surtiu um efeito momentâneo.